Inspirado compositor popular, dono de obra de grande sofisticação harmônica, Tom Jobim (1927-1994) ambicionou desde o começo da carreira solidificar seu nome na música clássica. Não conseguiu, embora a genialidade de sua produção popular tenha projetado merecidamente seu nome em escala mundial. O DVD e o CD duplo Jobim Sinfônico reúnem a parcela erudita da obra de Tom. A gravação foi feita ao vivo em São Paulo, em dezembro do ano passado, por 70 músicos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro Roberto Minczuk.

Idealizado e produzido por Mário Adnet e Paulo Jobim (filho de Tom), o projeto tem alto valor documental - inclusive por revelar dois temas inéditos, "Prelúdio" e "Lenda", compostos nos anos 50 -, mas, musicalmente, fica aquém da discografia jobiniana. O maior mérito, no caso, é ter registrado em CD os quatro movimentos de "Brasília, Sinfonia da Alvorada", peça composta por Tom, a pedido de Juscelino Kubitschek, para a inauguração da Capital Federal. Trata-se do primeiro registro digital da sinfonia.

No mais, o projeto traz adaptações sinfônicas de sucessos como "A Felicidade" e "Se Todos Fossem Iguais a Você", cantada por um Milton Nascimento de voz cansada. As canções ficam engessadas na moldura sinfônica. No geral, paira a sensação de que Tom Jobim foi maior e imbatível na área popular. Sua obra já vale mil sinfonias.

Bom como documento

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