Revista Jazz +
Banda Mantiqueira
CD
Terra Amantiquira
- Obra Prima
por:
VM

Abril - Ano 2 nº11

A confluência de gêneros gera mitos, definições precipitadas e divagações cansativas em torno daquilo que não merecia muitas explicações. Características musicais sobrepostas, pelo menos aquelas que consideramos imprescindíveis, mas temos o vício arrogante de classificar e categorizar tudo que chega até nossas mãos. Em relação à Banda Mantiqueira, eu não me arrisco. Deixo esse trabalho para vocês. Não me cabe juntar aquilo que beira a perfeição, e só beira, explico, porque não tenho coragem de afirmar que algo pode ser tão perfeito. Da perfeição, tenho medo. Para fazer Terra Amantiquira, o arranjador, saxofonista e clarinetista Nailor Proveta, que desconhece essa bobagem de medo, explorou os moldes da música regionalista brasileira que escutou durante a infância, colhendo amostras do barroco e do romântico, das orquestras de Henry Mancini e provavelmente de Pixinguinha. Atado a essa babel estilística, Proveta carregou consigo mais treze instrumentistas, munidos cada qual com suas próprias experiências e influências; os saxofonistas Ubaldo Versolato, Cacá Malaquias e Vinicius Dorin, os trombonistas François de Lima e Valdir Ferreira, os trompetistas Walmir Gil, Odésio Jericó e Nahor Gomes, os percussionistas Fred Prince e Guello, além do guitarrista Jarbas Barbosa, do baixista Edson Alves (também responsável por alguns arranjos) e do baterista Lelo. A impressão, facilmente compreensível para quem já viu a interpretação do conjunto ao vivo, é de que estão todos em êxtase durante o pronunciado de cada nota e na precisão poética da execução de cada solo. Como em um soneto, as frases se encaixam sem sombras, em proporções coerentes, deslizando suavemente entre o primeiro e último acorde. A ambientação ensolarada é a mesma para as execuções de "Eu e a Brisa" (Johny Alf), "Airegin" (Sonny Rollins) ou "Pau de Arara" (Luiz Gonzaga e Guio de Moraes). Confira sem medo.

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