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- 12/05/2005
"O universo percussivo de Caito Marcondes"

Por: Toninho Spessoto

Sons universais

Caito Marcondes tem como matéria-prima de seus experimentos sonoros a sensibilidade e os ruídos e barulhos do mundo. Um dos maiores percussionistas em atividade, extrai de tudo batidas e melodias intrigantes. Em seu oitavo disco (incluídos aí os trabalhos com a Orquestra Popular de Câmara e a trilha do filme O Cineasta da Selva, dele e Teco Cardoso), traz um mosaico cultural de intensa riqueza.

Gravado ao vivo no Espaço Cachuera (SP) em março do ano passado, Auto-Retrato tem temas de enorme beleza, todos do próprio Caito Marcondes. O CD abre com Cigarras, com vocais expandidos através de um pedal e o uso de um extenso set percussivo. Na seqüência, a sensível Cantada, com voz e marimba. Em Canto Distante, novamente o pedal de voz, acrescido de um surdo reproduzindo as batidas do coração, roda d'água (instrumento feito a partir de uma casca de côco) e cabazuo. No rap Urbania, o pedal de voz e o set de percussão reproduzem uma batida funkeada, com direito a imitação de sons de guitarra e a participação da platéia nas palmas. Uma das melhores faixas do disco.

O músico conta com a participação especialíssima de Marlui Miranda e Mônica Salmaso. Marlui empresta a força de sua voz a Last Word, acompanhada por Caito na marimba e no vocal. A afinação absoluta de Mônica se faz presente em Beira Rio (Negro), escudada por Caito na voz, perneira indiana e hang, instrumento com forma parecida a de um disco voador e com uma sonoridade impressionante. Marlui e Mônica vocalizam juntas no maracatu Folha Solta, com o músico no xilofone e no set de percussão. Trabalho belíssimo, de audição extremamente prazerosa. A verdadeira trilha sonora do planeta.

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