Revista Weril nº 167
Dica dos Mestres A flauta em sua essência
Dezembro 2006

A flautista Léa Freire revela as atitudes e posturas
para conquistar o seu espaço no mercado

Léa Freire em "Cartas Brasileiras"
Relaxar a musculatura e não "forçar a barra" para evitar contusões e tendinites. Respirar fundo e repetir os exercícios bem de vagar, quantas vezes forem necessárias, até que o corpo entenda os movimentos. Essas são algumas das dicas de Léa Freira, uma flautista mais que reconhecida no cenário musical brasileiro.
Léa Freira diz que existem dois elementos determinantes para o bom desempenho da flauta. O primeiro é a embocadura onde o iniciante deve ter paciência e empenho para identificar a melhor forma de posicionar os lábios para tirar o som. O segredo é o controle da emissão do ar. "Uma caminhada sempre começa com o primeiro passo. Basta ir bem de vagar. No começo, o som sai tremido, mas isso é normal. Depois, as coisas vão se ajeitando. O importante é criar condições para que a prática da flauta seja fácil e gostosa ouvindo os diferentes estilos e ritmos mais variados possíveis", recomenda.
"Para ser um bom flautista é fundamental gostar do instrumento e do repertório que existe para ele", enfatiza a artista. "Além da paciência para obter o domínio, é preciso ter paixão pela flauta".
Léa revela que grande parte de seu sucesso como flautista deveu-se a atitudes como ter calma para aprender, não ter medo de errar, saber relaxar, buscar informações à respeito das leis que regem a profissão e a procura por uma linguagem e uma identidade própria. "Seja você mesmo. Tudo isso faz com que o músico tenha mais chance de ser bem sucedido", ressalta.
Flautista a 35 anos, arranjadora e professora, Léa Freira considera-se autodidata no instrumento. Seus conhecimentos musicais adquiridos com o piano foram suficientes para que com duas aulas de flauta fosse criada uma forte intimidade com o instrumento. "Daí resultou um jeito muito particular e próprio de tocar. É um som que não chega a ser sinfônico, nem de choro e nem de jazz. É um som com a minha cara", destaca. Além desses instrumentos, Léa também toca violão. No momento, a artista se prepara para lançar o álbum "Cartas Brasileiras" (Maritaca), projeto de arranjos para orquestras iniciado em 2004 e que conta com a participação de renomados músicos, como Nailor Proveta e Daniel D'Alcântara.
Na relação com seus alunos, Léa Freira procura transmitir diversos conceitos que são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer flautista e que, inclusive, foram determinantes para sua carreira.
"Ensino aos meus alunos que música é um prazer e a gente tem que se divertir com ela. Sozinho ou acompanhado, a gente tem que curtir. Em seguida, trabalho o desafio da paciência e da perseverança, pois o aprendizado da música não tem fim. Paralelamente, ensino a importância de treinar o ouvido. Ouvir é mais do que importante. É básico", enfatiza a flautista.

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