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Laércio de Freitas foca repertório pouco conhecido de Jacob do Bandolim
Por: Beto Feitosa
RJ 04/09/2007

Maestro encontra obra do compositor e foge dos grandes clássicos

Laércio de Freitas
É com bom humor que o maestro Laércio de Freitas responde quando dizem que seu novo trabalho resgata Jacob do Bandolim. "Por acaso o Jacob foi seqüestrado?". Mas em seu CD, Laércio senta-se ao piano e apresenta uma série de canções mais obscuras do compositor. Um repertório que foge do óbvio e dos grandes sucessos. O álbum Laércio de Freitas homenageia Jacob do Bandolim tem lançamento da gravadora Maritaca em parceria com a Tratore.

Os dois brilham. Esse encontro de Laércio e Jacob mostra a dimensão da obra do compositor e também a versatilidade do maestro. Os arranjos são modernos e revelam delícias como Carícia, Eu e você, Sapeca e Velhos tempos. Laércio conta com um violão para acompanhar, e escolheu o músico Alessandro Penezzi, considerado mestre nas rodas de choro. Naquela mesa estão os três juntos, e o som que sai dessa reunião é inesquecível.

O primeiro encontro de Laércio e Jacob foi em um estúdio da gravadora Odeon (atual EMI), em meados dos anos 60, durante a gravação de um disco de choro. A apresentação formal coube a Chiquinho do Acordeon, que sugeriu que Laércio mostrasse alguns de seus choros para o compositor. "Jacob foi um inovador. É admirável a efetividade dele na busca de um resultado técnico e artístico da mais alta estirpe. Ele se esmerava em tocar de uma forma limpa, tanto que você ouve as gravações e não encontra falhas. Ele fez de si mesmo um instrumento", atesta Laércio que não fica atrás em qualidade e talento.

O registro desse repertório pouco conhecido se torna oportuno. Sempre bom lembrar que a obra de Jacob vai além dos grandes clássicos. Por mais que seja lembrado por sucessos eternos como Noites cariocas, Doce de coco e Assanhado, as demais músicas não desmentem o talento do compositor. Dá até espaço para se imaginar quantas outras canções ficaram perdidas nos antológicos saraus de Jacarepaguá.

As cordas de Jacob ganham releitura nas teclas de Laércio, que também poderia adotar o nome de seu instrumento como sobrenome tal a intimidade que tem com ele. Ambos são referência. Dois artistas de talento inegável em um segundo encontro, e dessa vez bem mais musical. O piano de Laércio relê o lado B do bandolim de Jacob. Arte e memória, bem ao estilo do grande compositor.

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