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A Tarde
Jovem mestre do contrabaixo
por: Luciano Aguiar
10.07.2006
Filho de peixe, peixinho é. O ditado cai bem nos ombros do filho do lendário baixista Arismar do Espírito Santo e da pianista Silvia Góes, Thiago Espírito Santo. Já em seu primeiro disco-solo, lançado pelo selo Maritaca, dá provas de que compreendeu a mensagem musical dos pais e faz do instrumento que toca, o contrabaixo, um simples caminho para o entendimento musical mais profundo. Muitas influências boas podem ser apontadas no trabalho, construindo a personalidade musical de Thiago. Uma delas, porém, é mais sentida, a de Jaco Pastorius. Logo na primeira faixa, O Cravo Bem Temperado, em que toca o Prelúdio II, de Bach, Thiago lembra o contrabaixista norte-americano, morto em 1987, que fez algo bem parecido no álbum Word of Mouth (1981). Mais adiante, na quinta faixa, uma das melhores do álbum, Thiago repete a dose pastoriana e faz mágica com o baixo fretless. Fizê, dedicada à mãe, é de tirar o fôlego. Destaque, também, para As de Bombacha.
Seja com que influência for, de Pastorius, Toninho Horta ou outro mestre em harmonia, o trabalho de Thiago é extremamente brasileiro e com boas composições. Isso fica claro no samba Bárbaro, que Thiago assina, ou no Baião nº 1 Nipolitano, que une melodias de Gonzagão e Dominguinhos. E este último participa da gravação. Muita gente fera está no disco, que, na maioria das faixas, tem Edu Ribeiro na bateria, Chico Pinheiro no violão, Daniel D´Alcântara no flughel horn ou no trompete e Rafael Ferreira no sax tenor. A instrumentação é toda de primeira, mas é curioso como Thiago prefere brincar e fazer ele mesmo o violão na segunda música, Caminhos Cruzados, de Tom Jobim, em que se acompanha no contrabaixo. Sem técnica de violão, evidencia, no entanto, conhecimento e sentimento musical nos acordes.
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