O Estado de São Paulo C2
Três bailes, viola caipira e bandas de coreto
por: Lauro Lisboa Garcia
SP 09.01.08

Eventos são novidades dentro do festival, que abrange diversas
tendências e pretendemanter a cidade acesa com som direto

Ivan Vilela Violeiro dá oficina e faz show ao lado de Paulo Freire

Com o caráter de total liberdade de expressão, o Brasil Instrumental sempre convidou “pessoas de grande representatividade dentro da música instrumental brasileira”, tentando não repetir nomes nestas oito edições. Como não é possível viajar o ano todo para conhecer trabalhos de instrumentistas de outras regiões do País, Paulo Braga e Paulo Flores sempre selecionaramos participantes do festival, “pela história, pelo currículo, ou através de contatos”. Para ampliar o alcance, visando a trazer o maior número de tendências possíveis, eles lançaram no ano passado um edital para selecionar músicos para esta edição. “Oferecemos um valor de show interessante, apesar de não ser um grande cachê, para que as pessoas pudessem vir de qualquer lugar do Brasil. Tem gente vindo de Fortaleza, do Pará pra tocar”, diz Braga. Além dos noves shows escolhidos entre 140, através desses editais também foram selecionadas as atrações dos festivais de viola caipira e de bandas de coreto. “A maioria dos músicos de sopros que a gente tem nasceu dentro de bandas. Durante muito tempo, as escolas de música desses músicos foram as bandas. Muita gente saiu daí. Então, uma forma de a gente reconhecer isso e dar também um espaço para essas bandas poderem tocar foi realizar essa mostra de bandas de coreto”, explica. A idéia é também trazer de volta um pouco do repertório tradicional dessas bandas, composto de marchas, dobrados, maxixes. O festival de viola caipira vai reunir quatro dos violeiros mais representativos em atividade - Ivan Vilela, Paulo Freire e Roberto Correa -, além de Índio Cachoeira e Ricardo Vignini. Freire e Vilela, que lançou recentemente o álbum Dez Cordas, vão tocar juntos. Correa vai apresentar seu novo trabalho com a Orquestra à Base de Cordas de Curitiba. “Tem violeiro que já traz influência de jazz, da música americana. Então, trazer esse pessoal da viola tradicional para um grande público é maravilhoso”, diz Braga. Freire e Vilela também vão dar oficinas, que este ano também ganham mais espaço no evento.“O que a gente não queria era um festival com caráter de férias. Mas colocamos uma oficina do Itiberê no ano passado e deu muito certo. Por isso, abrimos mais este ano. O que acontecia antes é que os músicos tocavam e depois rolava um bate-papo, um workshop”, explica Braga. Todos os músicos que vão dar as oficinas também fazem shows no Espaço Cooperativa. Os cooperados é que vão escolher, por meio de edital do conservatório, os acompanhantes dos instrumentistas que liderarão os shows nesse espaço. “Isso vai ser uma coisa de integração interessante também”, diz Braga. Em outra sala vão rolar as rodas de choro e as jam sessions. Fora isso, há os três bailes, outra boa novidade que deve manter a cidade acesa.“A idéia deste evento é atrair pessoas de fora de Tatuí, fazer da cidade um centro de cultura”, diz Paulo Flores. Além disso tudo, há ainda a Mostra Instrumental, que está na quinta edição e é aberta para instrumentistas que não têm uma carreira tão extensa, nem têm seu trabalho ainda tão reconhecido. É som direto.