Revista Cover Guitarra - Edição 145
O Som Nasce para Todos

por: Regis Tadeu
Janeiro de 2007

Claudio Celso já tocou com o lendário Chet Baker e substituiu Heraldo do Monte quando este se apresentava com o Zimbo Trio, foi um requisitado sideman nos Estados Unidos, é um dos grandes professores de guitarra no Brasil, acaba de lançar um ótimo disco, Swell, e concedeu uma das mais saborosas entrevistas da história da Cover Guitarra.

O fato de ser filho de Nilson Marcondes - um pioneiro da guitarra jazz no Brasil - e de ter crescido ouvindo muito Wes Montgomery, Charlie Christian e Django Reinhardt em casa, certamente o guiou até a confecção de Swell...
Sem dúvida! Quando comecei a tocar, caras como Dick Farney, Wilson Simonal e César Camargo Mariano freqüentavam a casa de meus pais. Foram eles que colocaram na minha cabeça que eu deveria tocar jazz. E olha que só tinha quatro anos de idade (risos)...

Estas influências, recebidas diretamente e tão cedo, chegaram a perturbar você em algum momento?
Houve uma época que eu tinha vergonha disso, porque era o auge dos Beatles, de Jimi Hendrix, e eu não sabia tocar como aqueles caras, só sabia tocar o jazz ‘aveludado’ que você citou com tanta propriedade. Basicamente, minha referência de produção musical era o Creed Taylor (famoso produtor de jazz dos anos 60 e 70).

Você chegou a trabalhar com ele, não?
Sim. Mudei para Nova York em 1978 e, uns cinco anos, depois tive a chance de conhecer o Cláudio Roditi (trompetista que já havia tocado com Herbie Mann e Dizzy Gillespie) e o Paquito D’Rivera (famoso saxofonista cubano), que foram os responsáveis por me levar a trabalhar com o próprio Creed Taylor. Foi uma emoção muito grande, não acreditava que tinha conseguido a oportunidade de trabalhar com um de meus ídolos. Na época, eu tocava com o George Shearing, que era o pianista do George Benson e autor daquele lindo solo que há em “This Mascarade”. Mesmo gravando com o Benson, ele tocava com outro grupo em vários bares.

Na verdade, era o que a maioria dos músicos fazia naquele período. O George andava muito com músicos brasileiros e acabou me chamando para gravar com o Paquito. Enquanto morava Brasil, tinha bastante contato com o som dos jazzistas e até mesmo com a história deles, mas não tinha muitas fotos ou referências visuais. Quando cheguei em Nova Iorque, comecei a tocar em uns botecos com uns músicos que tocavam muito bem. Só que eu ainda não falava inglês direito, não me comunicava bem.

Depois de tocar, eu chegava em casa e os brasileiros que moravam na cidade começavam a me ligar, dizendo que eu já tinha chegado quebrando tudo, tocando com o Billie Hart (baterista que já trabalhou com Herbie Hancock, Stan Getz, McCoy Tyner), Cecil Taylor (para muitos, o maior pianista do free jazz), Freddie Hubbard (trompetista do Art Blakey’s Jazz Messengers e do V.S.O.P.)... Eu pensava “meu Deus, aquele cara era o Freddie Hubbard?” (risos). Achava que os meus amigos estavam me gozando. Depois, ia confirmar e descobria que eu tinha realmente tocado com aqueles caras.

Confira a matéria completa na edição 145/Janeiro de 2007 da Revista Cover Guitarra

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