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"No altar do vento"
Por Julio Daio Borges
16/05/2004
Theo de Barros é hoje um senhor que, em foto, lembra muito o ator Sérgio Mamberti.
Foi um dos integrantes do genial Quarteto Novo, que contava ainda com Hermeto Pascoal (apenas um flautista albino, vesgo e habilidoso) e que foi relançado em disco no lote que a EMI resgatou dos arquivos da Odeon. Um álbum de 1967, imperdível. Também o CD novo de Theo de Barros, pela Maritaca certamente um dos melhores trabalhos a surgir este ano. Delicado, cuidadoso, equilibrado, perfeito. Só com composições suas, à exceção de uma única faixa; muitas com letra de Paulo César Pinheiro. O bom gosto começa com a escolha dos convidados e segue pelos arranjos redondos e aveludados, passando pela sua própria interpretação uma voz exata, que não incomoda e que não transmite falhas. E se alguém sente saudades de Tom Jobim, mas não agüenta mais ouvir as mesmas canções, deveria tentar, por exemplo, Natureza cantada por Mônica Salmaso, rendendo como nunca. É Mônica também que brilha na bela suíte Sete Violas. A mesma que tem, ainda, Renato Braz, as flautas de Teco Cardoso e as cordas da Osesp. Chico Buarque, o letrista, paira sobre Amor de Poeta e Zé Menino, embora sua influência aqui seja um tanto quanto anacrônica. Já Cido Bianchi brilha ao piano acústico em Aquele Carinho e Meu Retrato, para citar apenas duas. Na primeira metade desse Theo, descobrimos que o segredo talvez esteja em peças polidas que variam entre 1 e 3 minutos. Não mais que isso. Cinema, porém, na segunda metade, com quase 5 minutos, põe essa certeza abaixo. Começou a partir daquele encontro/ O pavor do conflito e do confronto. Também Remanso, de um violão límpido e precisamente rebuscado. O violão de Theo de Barros um músico tão completo que, às vezes, ainda se esquece qual é a sua especialidade.
>>> Theo - Theo de Barros - Maritaca
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