Folha de São Paulo
Festival de jazz em Manaus se destaca pela qualidade
por:
Carlos Calado

26.07.2006

Jazz em Manaus? Muita gente se surpreendeu ao saber da realização do 1º Festival Amazonas Jazz, que encerrou no domingo uma programação de quatro dias de shows, workshops e mostras de filmes e pinturas. Mas quem teve a chance de acompanhar os concertos no palco e na área externa do teatro Amazonas presenciou um festival que não deve nada em organização e qualidade musical a eventos similares no país ou no exterior. A noite de estréia já começou em alta temperatura com a exibição da Amazonas Band. Comandada pelo maestro e arranjador Rui Carvalho, diretor artístico do festival, a big band manauense brilhou tocando temas de Arturo Sandoval, Moacir Santos e Tom Jobim com garra e senso de conjunto. Sem falar na técnica perfeita do norte-americano Steve Mostovoy, trompetista convidado. Depois entrou em cena o quinteto de feras do saxofonista paulista Vinicius Dorin, que exibiu composições próprias e longos solos jazzísticos. Escalados para substituir o norte-americano Terence Blanchard, o flautista carioca Carlos Malta e seu grupo Pife Muderno foram a maior surpresa da noite: seus pífanos e improvisos calcados em ritmos do Nordeste excitaram a platéia. O ecletismo da estréia estendeu-se às noites seguintes. O destaque da sexta-feira foi o baterista nova-iorquino John Hollenbeck e seu Claudia Quintet, que exibiu um jazz bem criativo e próximo da música contemporânea de vanguarda. Bem-humorado, ao ouvir o pedido para que tocasse um standard do jazz, o compositor demonstrou personalidade: "Vou tocar um standard meu". Já o veterano Gaudêncio Thiago de Mello, manauense radicado nos Estados Unidos, decepcionou aqueles que não o ouviam há muito tempo. Nem as presenças de bons músicos do Rio de Janeiro, como o saxofonista Idriss Boudrioua e o pianista Haroldo Mauro, salvaram a desalinhavada apresentação do percussionista, que não se deu ao trabalho de ensaiar seus sambas.

<  voltar  -  topo   


© Folha de São Paulo