O projeto Música no Museu - que promove espetáculos mensais no Museu de Arte da Pampulha - encerra sua temporada de 2000 com um espetáculo que une bom gosto e sofisticação. Hoje, às 21 horas, a música de um dos maiores nomes da história do jazz será recriada por duas feras da música instrumental brasileira, o trompetista Márcio Montarroyos e o baterista Nenê, no espetáculo intitulado Tributo a Miles Davis.
Trompetista, compositor e band leader, Miles Daves (1929 -1991) foi um dos mais influentes e populares músicos norte-americanos do século, com sua trajetória confundindo-se com a do jazz contemporâneo. Durante sua carreira tocou com os grandes standards do gênero, entre eles Coleman Hawkins, Charlie "Bird" Parker e Dizzy Gillespie.
Criou uma dupla de respeito ao lado do arranjador Gil Evans e inovou o ritmo, dialogando com influências hispânicas e até mesmo brasileiras (principalmente com a música de Tom Jobim). Ele foi um dos criadores do cool jazz e inventou o jazz rock, nos anos 70, ao lado de Herbie Hancok, John McLaughlin e Chick Corea. Na década de 80, fez uma aproximação importante com a música pop, a partir do CD A Man With the Horn.
Improvisação
É pouco da genialidade das composições de Miles Davis que estará sendo mostrada no tributo de hoje à tarde. O primeiro a se apresentar será o instrumentista e compositor Márcio Montarroyos, o maior nome do trompete brasileiro.
Com muito senso de improvisação, o músico - que também é fluente nos teclados - possui carreira internacional. Ele já acompanhou artistas do calibre de Stevie Wonder, Sarah Vaughan, Carlos Santana e Ella Fitzgerald. No Brasil tocou ao lado de Tom Jobim, Milton Nascimento, Victor Assis Brasil e João Bosco. Seus trabalhos-solo de maior destaque são Stone Alliance, Carioca e Magic Moment.
Depois será a vez do baterista Nenê passar pela obra de Miles Davis, além de apresentar músicas próprias. Natural de Porto Alegre, Nenê começou sua carreira musical aos 12 anos, quando começou a tocar acordeon, seu primeiro instrumento. Depois se apaixonou pelas baquetas e não largou mais, chegando a morar 12 anos na Europa, onde firmou internacionalmente seu nome.
Nenê lançou seu primeiro disco solo em 1982, Bugre, que foi escolhido como um dos dez melhores do ano pela revista Jazz Hot. Igualmente bem aceitos pela crítica.
O Baterista começou a despontar no cenário musical quando fez parte do Quarteto Novo, primeiro grupo do "bruxo" Hermeto Paschoal, com quem gravou o disco Música Livre. Depois, acompanhou em gravações e shows artistas como Elis Regina, Edu Lobo, Milton Nascimento, Egberto Gismonti e César Camargo Mariano.
Quando retornou ao Brasil, o músico formou o grupo Nenê Trio ao lado de dois jovens talentos mineiros - o guitarrista Magno Alexandre e o baixista Enéias Xavier. O grupo já lançou dois trabalhos: Porto dos Casais e Suite Curral d'El Rey. Esse último, uma homenagem à Belo Horizonte centenária-, foi recentemente pré-indicado para o Grammy na categoria "Jazz Latino".
Iniciado em agosto deste ano, o projeto Música no Museu nasceu com o objetivo de recriar na população belo-horizontina o hábito de frequentar o Museu de Arte da Pampulha. A renda é toda destinada à manutenção do museu e, entre as atrações que já participaram do evento, estão a cantora Mônica Salmaso, o compositor e violonista Guinga e o pianista Nelson Ayres.