Instrumental Brasileiro fornece uma boa trilha para começar o novo ano.
CDs vão de Caymmi e Jobim às composições de Silvia Goes e Mozar Terra.

Praticamente restrita à produção independente, a música instrumental brasileira esbanjou vigor no ano que passou, como provam esses quatro discos. Três dele – "Piano à Brasileira", de Silvia Goes, "No Tom da História", de Tibô Delor e "Caderno de Composição", de Mozar Terra editados pelos selo paulistano Maritaca….
Rica em melodia, ritmo e harmonia, a obra de Jobim presta-se a muitas releituras, como a do contrabaixista francês Tibô Delor em "No Tom da História", acompanhado por Léa Freire (flautas, e co-produtora do CD), Tiago Costa (piano), Edu Ribeiro (bateria) e Paulo Jobim (violão). No repertório, clássicos como "Sabiá" e "Desafinado" misturam-se a canções igualmente geniais mas menos batidas como "Amparo", "Meu amigo Radamés" e "Valsa do Porto das Caixas". Lirismo e balanço, com um pé no samba-jazz, brotam naturalmente, fiéis à simplicidade sofisticada da música de Jobim.
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Se Jobim é Caymmi já dão meio caminho, os pianistas Silvia Goes e Mozar Terra surpreendem pelas boas composições de seus CDs solo. Silvia abre "Piano à Brasileira" com "Tico-Tico no Fubá" (Zequinha de Abreu), e depois apresenta 11 músicas de sua autoria. Citando como uma de suas referências o pianista e arranjador Radmés Gnatalli, Silvia faz música brasileira moderna, entre valsas, sambas, choros e demais bossas.

Em "Caderno de Composição" o mineiro Mozar Terra reúne 12 temas, gravados com um intervalo de dez anos. Seis deles, produzidos pelo baixista Rodolfo Stroeter em 1991, os outros seis produzidos pelo saxofonista Teco Cardoso em 2001. faixas como "Ascensão" e "Subterrânea", ambas da primeira sessão, trazem ecos do samba-jazz dos anos 60. Influências não faltam, de Jobim ("Luzes de Vênus", "Mirante") a Chico Buarque ("Mestiça"), mas tudo filtrado com personalidade pelo compositor, pianista e arranjador (A.C.M)