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Jornal ABC
Três casos de grande música
por: Juarez Fonseca
26.10.08
Ao ouvir três discos instrumentais recém lançados, pensei que, na contramão da música brasileira de grande consumo, que parece cada mais ruim, atrolhando na maioria das vezes ouvidos indefesos, nossa música instrumental está cada vez melhor. Claro que para apreciá-la plenamente em seu nível de qualidade e sofisticação o ouvinte precisa de certos pré-requisitos; mas o fundamental é a curiosidade em conhecer novos territórios e experimentar novos prazeres estéticos. Nos CDs a que me refiro, Waterbikes, do Maritaca Quintet, à Deriva II, do quarteto À Deriva; e Uma Nota Sobre a Outra, de Benjamim Taubkin, todos de São Paulo, a música também é sinônimo de liberdade e devoção. O Maritaca Quintet surgiu em 2006, quando a flautista Léa Freire e o saxofonista Teco Cardoso se uniram ao Thomas Clausen Brazilian Trio, da Dinamarca, para uma turnê. Clausen é um grande do jazz europeu, já tocou seu piano, por exemplo, com Miles Davis, Stan Getz, Chet Baker, Dexter Gordon. Para externar a paixão pela música brasileira, montou o trio em 1997, com o baixista Fernando De Marco e o baterista Afonso Corrêa, brasileiros radicados há muito na Europa. Mesmo que se resuma ao disco Waterbikes, gravado em Copenhague, a existência do quinteto já está justificada. O CD se faz de puro “brazilian jazz” no sentido que o mundo dá a essa definição. Léa compor sambas e bossas é o normal. A surpresa está em Clausen assinar um samba-canção como If You Wish, um samba como Cultura e um chorinho, prosaicamente batizado de Choro. Só duas músicas não são deles, Chega de Saudade e Retrato em Branco e Preto. www.maritaca.art.br
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