Embora a história da bateria no Brasil seja recente, a quantidade de músicos talentosos nesse instrumento torna difícil a tarefa de eleger apenas quatro como favoritos. Há registros que na década de 1920 J. Thomaz tocava bateria com Os Oito Batutas (lendário grupo liderado por Pixinguinha), porém foi com a efervescência da bossa nova que a bateria se aproximou do jazz e começou a revelar seus primeiros solistas. De lá pra cá, os trabalhos têm evoluído, chamando a atenção do mundo para as infinitas possibilidades de uso dos ritmos brasileiros nesse instrumento de berço tipicamente jazzístico. Abaixo, músicos fundamentais e suas obras mais representativas:
1. Edson Machado em "É Samba Novo" (1963). Edson foi um revolucionário do ritmo, imprevisível, inconfundível. Contribuiu de maneira única para a evolução da música brasileira, já que o sentido rítmico foi uma das principais novidades da bossa nova. Participou das mais importantes gravações do samba jazz dos anos 60 e ganhou fãs por seu jeito moderno de tocar bateria. Esse disco conta com a participação de grandes artistas da época, que se tornaram depois ícones da música instrumental, como Moacir Santos, Paulo Moura e Raul de Souza.
2. Airto Moreira em Quarteto Novo" (1967). O Quarteto Novo era formado por Airto, Hermeto Pascoal, Théo de Barros e Heraldo do Monte - artistas com diferentes influências e vindo de regiões distintas do País. A união de bateria e percussão em um único instrumento é a grande contribuição de Airto para a música mundial. Um dos primeiros bateristas brasileiros a se radicar nos Estados Unidos, ele foi o responsável pela entrada da percussão brasileira no jazz. Trabalhou com gênios como Miles Davis, Chick Corea, entre outros, e teve uma carreira sólida no exterior.
3. Nenê em "Porto dos Casais" (1998). Baterista, pianista e compositor de mão cheia, Nenê é um dos músicos mais produtivos do cenário instrumental brasileiro. Sua obra tem uma marca pessoal forte e de reconhecimento imediato. Esse disco marca o seu retorno ao Brasil depois de 12 anos de exílio voluntário na Europa. Com uma formação tradicional jazzística (quarteto), ele toca frevo, maracatu, xaxado, guarânia e outros ritmos passando para a bateria de uma maneira tão própria que virou influência não só para bateristas. Porto dos Casais tem a presença de Vinicius Dorin (sax), Magno Alexandre (guitarra) e Enéias Xavier (baixo).
4. Tutty Moreno em "Forças D'Alma" (1998). Tutty toca bateria de um modo tão especial e harmônico que eleva o instrumento a uma outra esfera. Sem perder o senso rítmico, conduz a música livremente. O disco começa com um solo de bateria sutil e melódico que dá boas-vindas a uma linda introdução com cordas para "Lenda do Abaeté" (Dorival Caymmi). O repertório inclui músicas de Luis Eça e Egberto Gismonti, com belos diálogos entre os instrumentos. Participam do CD a cantora Joyce, Naylor Proveta (sax), Rodolfo Stroeter (baixo) a André Mehmari (piano, arranjos e cordas).