Diário do Pará
As ousadas e belas cartas brasileiras de Léa Freire

por: Edgar Augusto
Belém 13.05.2007

Beleza e ousadia constituíram-se nas marcas registradas de Cartas Brasileiras, CD de música popular/erudita concebido pela compositora, flautista, arranjadora e regente Léa Freire para o selo Maritaca sob a produção de Teco Cardoso. Entre choros, valsas, sambas e toadas, Léa criou melodias ricas, de conotações clássicas, para intervenções de orquestra e instrumentos de solo. E o mais curioso foi que os temas, mesmo travestidos de uma seriedade musical concertista, tiveram tempos de duração variáveis entre 3 a 6 minutos, transformando-se, nos seus acabamentos finais, em peças rigorosamente populares. Diríamos que o CD valorizou a mais bonita sonoridade da MPB debaixo de sensibilidade e conhecimentos harmônicos de quem estudou música, mas não se despiu de suas origens. O samba Isabella, feito para homenagear a filha do baixista Silvio Mazzuca, teve piano, violoncelo, baixo, bateria e flautas. Já a dolente Nove Luas exigiu dois contrabaixos, piano, saxes, violinos e violoncelos. E nada ficou carrancudo ou vestiu black-tie. Tanto que clarones e clarinetes geraram um som campestre em Vila Ipojuca e uma orquestra completa tomou conta da linda Choro na Chuva. Com certeza foi um dos melhores discos de Léa, destacando ainda os perfeitos vocalizes de Mônica Salmaso em Espiral, acompanhados ao piano pela própria dona do lançamento – que teve a alegria e o bom humor como principal característica num trabalho ao mesmo tempo simples e majestoso.

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