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Paulo Freire junta música e prosa do sertão
por:
Beto Feitosa
06.07.09

Novo trabalho do violeiro traz contos e músicas inspiradas em lendas brasileiras

Paulo Freire
Foto: Isabela Senatore Dias
Conhecido violeiro, Paulo Freire junta dois talentos em seu novo trabalho. Nuá - as músicas dos mitos brasileiros é uma obra que mistura música e literatura. Editados juntos, livro e CD se completam. Paulo Freire compôs melodias inspiradas para doze lendas brasileiras e trata de registrar a seu modo. Produção independente, o livro/CD tem patrocínio da Petrobrás e distribuição da Tratore.

O livro é delicioso, flui com uma linguagem coloquial a prosa envolvente. Paulo se revela um grande contador de causos, levantando mitos do folclore e da mata brasileira. Apaixonado pela literatura sertaneja de Guimarães Rosa a ponto de ter se mudado para Urucuia no sertão mineiro, Paulo Freire une a sua prosa as modas de viola. Cada lenda contada ganha uma trilha sonora composta por ele especialmente para a história.

A leveza de sua música traz jóias valiosas em sua simplicidade. Além do próprio Paulo passam pelo CD arranjos assinados por Nailor Proveta, Bocato, Léa Freire, Paulo Braga, Nenê, Ronaldo Saggioraro, Toninho Ferragutti, Valéria Bittar, Luiz Fiaminghi, Tuco Freire e músicos do grupo Sonax. Os créditos revelam também um time estrelar de músicos, ornando uma música rica em diversos ritmos populares e na tradição da viola.

Com climas e nuances, Paulo Freire traz em sua música uma delicada relação com o texto. Percorrendo caminhos incomuns e utilizando instrumentos pouco convencionais, o violeiro traduz em música as doze histórias que conta com humor e grande dose de absurdo. Mas quem há de negar a realidade de uma história folclórica? Histórias que sobrevivem na tradição oral ganham nova e divertida releitura em prosa e música. Que se misturam, se encontram. Mas que também têm fôlego para existir independente.

Enquanto os projetos mirabolantes inventam cruzamentos de mídias eletrônicas, Paulo Freire mergulha fundo na alma brasileira. Sua arte é rica e traz a verdadeira música do sertão, tão distorcida na mídia brasileira. Paulo Freire levanta a bandeira da cultura e mostra que o regional é rico, valioso como um rubi vermelho encontrado no meio de um rio. Boa música e dois dedos de prosa fazem de Nuá uma obra de arte antológica.

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