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Estado de Minas - 17/05/2005
"Reinventando os mestres"
por Mário Sérgio
A flautista Léa Freire e o trombonista Bocato recriam
temas clássicos da música popular brasileira
Junte dois instrumentistas competentes com uma idéia inspirada. A produção é profissional. O repertório, clássico, privilegiando algumas das mais belas canções da música popular brasileira. O alinhamento dos astros vai se encarregar de construir uma receita mágica, com um resultado que só poderia ser um álbum de extrema qualidade.
O projeto em questão é "Antologia da canção brasileira" - Volume 1, que vem consolidar a parceria da flautista Léa Freire com o trombonista Bocato. Como sugere o título, outros discos serão realizados nessa mesma linha, selecionando preciosidades assinadas por mestres como Tom Jobim, Cartola e Ary Barroso. O lançamento é da Maritaca Discos (www.maritaca.art.br).
São apenas dez faixas numa coleção de temas vestidos com a sofisticação de arranjos que os transformam em novas canções, como se fossem inéditas. Os sopros fazem as vozes principais, acompanhados por um instrumental reduzido, mas eficiente, com intervenções econômicas do piano de Michel Freidenson e da guitarra de Djalma Lima e apoio do baixo de Sizão Machado e da bateria de Edu Ribeiro.
Essa abordagem livre, que tem muito do jazz, naquilo em que abre espaço para a criação dos músicos, acaba favorecendo a exploração das melodias, em breves improvisos bem estudados. O efeito fica mais evidente, por exemplo, em Nunca de Lupicínio Rodrigues, mas ressurge a cada instante, na constante reinvenção das construções harmônicas, trazendo sempre um novo interesse sobre as canções.
Gravado em 27 de abril a 14 de maio do ano passado, num estúdio em São Paulo, o disco apresenta um conceito bem definido, desde a faixa de abertura, Andorinha, de Jobim, logo seguida da Folha morta, de Ary Barroso. As demais são igualmente primorosas na sua origem, sejam canções mais antigas, como As rosas não falam, de Cartola; Nossos momentos, de Haroldo Barbosa e Luiz Reis, e Luz negra, de Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso, ou mesmo composições contemporâneas, como a Blue note, de Fátima Guedes e Filó Machado.
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