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- 12/07/2005 BH
"O que há de melhor na canção brasileira"

Por: Daniel Barbosa

Léa Freire e Bocato são as atrações de amanhã do projeto
Música no Museu; no cardápio da dupla, clássicos da MPB

O trobonista Bocato se uniu à fautista Léa Freire para reproduzir
um dos melhores discos instrumentais lançados este ano.

Até agora restrito ao público paulistano, o show que promove o disco "Antologia da Canção Brasileira", de Léa Freire (flauta) e Bocato (trombone), chega a Belo Horizonte através do projeto Música no Museu. Quem quiser poderá conferir na apresentação amanhã, no Museu de Arte da Pampulha, o porquê de o álbum estar sendo incensado pela crítica, que o tem apontado como o melhor lançamento de música instrumental deste ano.
No show, Léa e Bocato estarão acompanhados por Michel Freidenson (piano), Djalma Lima (guitarra), Neymar Dias (baixo) e Marco Antônio (bateria). O trombonista diz que o espetáculo procura reproduzir fielmente o disco que, como o título sugere, compila clássicos da canção brasileira, como "Andorinha" (Tom Jobim), "Luz Negra" (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso), "
Nunca" (Lipicínio Rodrigues) e "Nossos Momentos" (Haroldo Barbosa e Luiz Reis), entre outros.
"Eu disse pra Léa que gostaria de fazer com ela um disco com versões instrumentais de músicas brasileiras lentas. Começamos a nos encontrar e escolhemos o repertório. A transposição para o palco é bem fiel ao disco. Quisemos que fosse assim porque o CD é uma espécie de agradecimentoà música brasileira, por tudo que ela tem feito em nossas vidas", diz Bocato.
Léa diz que de universo de aproximadamente cem músicas, a dupla selecionou 20 para levar ao estúdio. "Fomos consultando as pessoas, os músicos que nos cercam, sobre canções que achavam bonitas. Estivemos tocando no Gracia a Dio, um bar da Vila Madalena, entre 2003 e 2004. Esse período serviu pra gente testar os arranjos.", diz.
Bocato explica que os 20 temas foram gravados em três dias. Ao final, a dupla optou por dividi-los em dois álbuns. O segundo volume da "Antologia da Canção Brasileira - Vol 2", que já está pronto, deve ser lançado em setembro, segundo Léa. "Quiríamos registrar as 20 músicas, mas elas não caberiam num disco só. Por outro lado, se lançássemos um duplo, as pessoas não iam comprar, por causa do preço", diz.

"Mercado da música instrumental melhorou"
Bocato faz quetão de dizer que está muito empolgado, não só com o sucesso que "Antologia da Cação Brasileira" vem fazendo, mas com o próprio momento da música instrumental no Brasil. E justificando o motivo de sua empolgação, ele aproveita para alfinetar o mercado que orbita as grandes gravadoras. "O mercado de música no Brasil está deprimente, mas, no caso da música instrumental, ele melhorou. A crise decorrente da pirataria está ajudando a dar um fim nessas atitudes que as gravadoras sempre tomaram e que depreciam a música brasileira. Fico contente com a pirataria porque ela mostra a fraqueza estrutural desse esquema criado por elas". diz.
O trombonista cita a trajetória do próprio "Antologia" como exemplo. Também destaca a aposta em relançamentos de qualidade que boa parte das gravadoras vêm fazendo. "Em pouco tempo, estamos chegando a 5.000 cópias vendidas do nosso CD. Isso sem divulgação, com uma produção barata, de três dias. Não vale a pena? Da mesma forma, não vale à pena revirar os arquivos e relançar um J.T. Meirelles em vez de apostar num novo Latino, o que sai caro e talvez já não dê tanto retorno? Podemos dizer bingo!". ressalta. (DB)

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